Ténis em 2083

Caros, o crédito vai para os meus amigos Hugo e Jorge, que encontraram isto algures:



No ano em que eu vivo (2065), isto ainda não existe... O sistema de propulsão dos ténis ainda está em desenvolvimento.

Bora aí, malta?

Hoje fiz um treino porreiro. Depois da consciência pesada do bitoque ao almoço na tasca, decidi que tinha de dar o corpinho ao sacríficio.

Lá deixei as meninas em casa, calcei os ténizitos, um actimel+uma banana+2 quadrados de chocolate no bucho, e rumei eu em direcção à costa. Ipod com musica de martelos ("Euphoria VOL II").... e .... cum caneco.... assim que comecei, senti que estava anormalmente forte....

No início, olhei para as minhas pernas, enquanto começavam a rolar a uns 14km/h e... estavam com um aspecto BRUTAL, mesmo a pedir kilometros em cima. Ao fim dos primeiros 5kms (23 minutos) nao me sentia minimamente cansado... O percurso estava soberbo, ali no pontão da costa, um fim de tarde DE SONHO. E as pernas pareciam só querer correr mais e mais e mais.

Há dias em que parece que ninguém passa por nós, como se uma mão invisível nos estivesse a empurrar. Hoje foi um desses dias. Decidi começar a brincar e tentar fazer "splits negativos".

Sabem o que são "splits negativos?". Pois é simples, é garantir que corremos os próximos 400 metros a um ritmo mais rápido que os 400 metros anteriores. Dá um gozo tremendo ouvir os beeps do relógio a cada 400 metros, e a dizer 1'52... mais à frente 1'50... mais à frente 1'42... gerindo o cansaço. É a tal "trip de endorfinas".

No final fiz 12,8 kms em 59 minutos. Decidi parar porque já era tarde... e tenho a certeza que aguentava o dobro.

Cheguei a casa porreiro, jantei... começou a dar uma granda fraqueza, pernas e mãos ligeiramente a tremer... 2 barritas da decathlon no bucho e tudo outra vez a 100%.

Estava agora aqui a ver o gráfico do treino e eis que aparece no meu msgr uma amiga, a Ana Pereira... essa sim... uma granda atleta, vários degraus à minha frente. Fiquei todo "inchado" com o comentário dela: "bom treino".
Mas se leram até aqui e querem ver bons treinos, a Ana Pereira está aqui:

http://mariasemfrionemcasa.blogspot.com/

Ontem fui à faca... e foi engraçado.

Fui tirar um quisto sebáceo junto à "patilha"... coisa simples.

O médico cirurgião é meu amigo. Tinha-me dito para eu fazer a vida toda normal no dia da operação. E eu fiz.... A operação era a meio da tarde, ainda consegui encaixar uma corridinha à hora de almoço (uns 8kmzitos), seguida duma sopinha e dum arrozito de pato.

Cheguei ao novíssimo Hospital da Luz, completamente tranquilo a pensar que ia ser coisa para meia horita. Qual o meu espanto quando, depois da minha identificação, me pedem para entrar para a "sala de preparação".

Lá entrei, meio desconfiado. Diz-me a enfermeira:

Enf: "Agora o senhor vai-se despir todo e vestir esta bata".
Eu: "Perdão? Despir-me todo? Então mas isto é um pequeno quisto na cara, olhe desde que marquei a operação já está tao pequeno que mal se vê... Vai ser coisa rápida, para quê despir-me todo?"
Enf: "Porque como vai para o bloco operatorio, tem de ir com esta batinha..."

Lá me despi todo... e volta a enfermeira:

Enf: "Agora, deite-se na marquesa que eu lhe vou meter este cateter para o soro"
Eu:" EH LÁ ... PARE JÁ ISSO TUDO. Despir-me todo, ainda tá bem. Um cateter na veia? Nem pensar. Sra enfermeira, isto é uma coisa rápida, anestesia local, nem pense que me vai estragar uma veia"
Enf: "Tem de ser, é o procedimento, fazemos isto para todos os doentes"
Eu: "POIS LÁ ESTÁ, MAS EU NÃO ESTOU DOENTE! Vá por favor chamar o médico Dr. João Borges, que é meu amigo, para eu falar com ele".

Lá foi a enfermeira recambiada... mas já não voltou... voltou o grande Dr. JB
JB: "Pedro, esta malta é sempre assim, é o procedimento... Esquece lá isso dos cateteres, já disse para nao te fazerem nada disso. Tens é de esperar um bocado pois isto está complicado, tenho várias operações"
Eu: "Meu amigo, estás à vontade. Trouxe a minha PlayStation Portatil (PSP), posso jogar um bocadito?"
JB: "Claro que sim, aproveita!"

E pronto, o belo do cenário, eu à entrada do bloco operatório, deitado todo nu numa marquesa, com uma toca daquelas verdinhas, 1 horita a jogar PSP.

Como dizia ontem o meu amigo Jarro, «epá, tás a ver, para além do trânsito, já descobriste outra utilidade para a Playstation Portatil".

A operação foi super rápida (uns 15 minutos), a parte mais irritante era o "bip-bip-bip-bip-bip" da máquina que me fazia o CTG, com um ritmo particularmente acelerado porque eu tinha corrido 8 kms há umas 3 horas atrás.


Há coisas fantásticas, não há ?

Vão dar banho ao cão... depois de o levarem a correr!

Pois é. Eu não tenho tempo para part-times, porque o pouco tempo livre durante a semana, invisto-o com a família, ou no desporto (ski, correr, ginásio).

A menos que.... o meu part-time fosse... DURANTE A CORRIDA.
Várias vezes pensei que queria ter um cão para me acompanhar, não só por uma questão de segurança (naqueles trilhos mais desertos à noite), mas também por companhia.

Eis senão quando, tropecei nestes dois sites dos EUA:

Running Paws
Ruff Runners

Por cerca de 20 EUROS estes senhores (e senhoras) dão corridas de 30-45 minutos com o seu cão. Malta, vou já fazer um papelito com isto e meter nas caixas do correio lá do bairro.

PS- será que vendem ténis para cães ou as patitas dos bichos aguentam?
PS2 - será que o cão tb tem de tomar banho depois de correr? Por 10 EUROS eu DOU BANHO AO CÃO.

A injecção de humildade

Já lá vão uns anitos em que eu sou fã da corrida. Nunca entrei em prova nenhuma, não gosto do "crowd". Gosto de correr sozinho, no máximo a 2. Correr é, para mim, acima de tudo uma competição contra mim próprio.

Já passei por várias fases da corrida.

No início, rapidamente querer estar em forma. Comprei um relógio Polar, um S625X para medir os progressos... e que progressos, meu deus. Qualquer corredor rookie tem progressos abissais. É o corpo humano rapidamente a transformar-se, o metabolismo a acelerar durante o dia, a fome das endorfinas, correr torna-se um vício, uma dependência. Se não corremos, parece que não nos sentimos bem, leves e agéis.

Cheguei a fazer 70 kms por semana, no primeiro ano. Lembro-me de fazer 5 kms em 21". E o recorde dos 10kms rondou os 45". A maior distância que corri foi cerca de 20kms. É o chamado "NATURAL HIGH", a célebre trip de endorfinas.

Depois vem outra fase. Uma em que, por diversas razões, abrandamos o ritmo. Seja por lesões, por trabalho ou pelo Inverno, dias curtos e frios. Sem avisar, o nosso corpo vinga-se categoricamente. Diz-nos assim :"pensavas que era só saborear o sucesso, meu malandro? pois agora experimenta lá este trambolhão pelos degraus abaixo, para veres se gostas duma injecção de humildade". E mergulhei em semanas seguidas em que correr 5 kms em 24" já parecia impossível, um esforço sobre-humano. Mas foi preciso manter a preserverança.

Agora, estou num planalto, uma fase "madura" da corrida. Já não quero cá loucuras de 45" aos 10 kms, sinto que isso é "estragar" o corpinho. Corro apenas em sítios bonitos, já nao corro longas distâncias na passadeira (max. 3kms). E sinto-me bem. Por saber que já estive mais "feroz", tenho a sensação de estar a correr "à vontade". Mas quando olho para o Polar vejo que estou a 12km/h, afinal o meu ritmo de treino de sempre. Penso "porreiro, já faço isto com uma perna às costas". Mas não devoro kms.

Hoje corri 8. Antigamente, pensava que 8 era para meninos... tinha de fazer pelo menos 10. Pois devo dizer, que estes 8kms ao pôr do sol me souberam pela vida!